segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quando as tias viram avós

E quando vemos, o tempo já correu! Logo me lembro das cenas: eu babando ao chupar um tamarindo, enquanto minha irmã brincava no balanço dependurado no tamarindeiro. Esse por sinal era enorme e comprovei recentemente que tamarindeiros são grandes mesmo, não era só eu que era pequeno demais, para achá-lo assim. Lembro-me de outras mil coisas mais. Todos amigos de infância de uniforme verde, o menininho de cidade estranhando as fazendas ou o garoto esquisito ruim de bola.Felizmente, nem só de bolas é feito um homem! E quando me vejo de barba rala, ainda cara de menino, choro ao pensar naqueles que me criaram, naqueles que me ajudaram e auxiliaram na formação de minha identidade, de minha individualidade.Foi assim que me vi crescendo, como um feijãozinho que brotou do algodão, mas que já dá alguns passos de tamarindeiro.
Foi nesse fim de semana que me vi velho, levantando as primeiras crianças de meus primos velhos, sendo chamado de tio e minhas tias de avós. Pronto pra muitos outros, com o número do bicho e cinturinha de 15.

domingo, 12 de setembro de 2010

Ultrapasso

Ultrapasso
e o sangue escorre, a lágrima bale
e cintilante dança, pelos lagos de seus olhos.

Ultrapasso na penumbra,
na doce cilada em que nos colocamos,
no molde do meu corpo no seu.

Ultrapasso e marco
e que de agora em diante não será mais
naturalmente rara.

Há que buscar sua raridade noutro canto,
mas quedo tranqüilo,
que já possui o encanto.
Resta apenas coroá-lo,
como merece.

Eis completa.
Eis completo,
já pode sorrir
mais um passo,
nos seus traços de mulher.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Sobre drogas e universitários


Sabe, eu vivo de estudar, literalmente falando. Passo meus dias a saber das coisas ruins que acontecem com o ser humano. Isso seria muito triste, se não fosse com o intuito de melhorá-las e acredite, há muito que se fazer.

Volto, então, a pensar como era meu entendimento sobre drogas há 4 anos, antes de todo esse estudo: O que mudou? Como foi que mudou? O que se tornou banal? Por que haveria de mudar? Minha idéia de presente mudou?Como isso afeta minha idéia de futuro?

Digo isso, porque ver um profissional da área da saúde usando drogas é como ver um engenheiro morar em uma casa cujo teto tem problemas estruturais, sempre se enganando de que a mesma não vai cair.

Agora pensando a partir de um outro ângulo: a juventude é uma época de experimentações; o importante é aproveitar a vida; quando eu for mais velho, ficarei mais quieto; se não dá para salvar o mundo, vou aproveitar o resto dele enquanto é tempo (e os meu filhos e sobrinhos que se explodam, eles não precisam do mundo mesmo...).

Será? Engraçado, como fica nítido ao comparar o profissional da saúde com o engenheiro, mas a outra nitidez já foi tão desgastada que passa por transparente: o erro não é só do profissional de saúde. Não adianta querer um futuro e não buscá-lo.

Há,ainda, a modinha de transformar o mundo em algo sustentável, para que os filhos e sobrinhos possam crescer com saúde. Só nos esquecemos de um detalhe: precisamos conseguir nos sustentar de pé, ou quem irá ensiná-los a crescer? O pequeno mundo dos filhos gira em torno de seus pais, estes são o seu Sol. Comparação piegas, não?

Não!

Como seria nossa vida se o Sol apenas funcionasse de segunda a sexta? Se duas vezes por semana, sem mais nem menos, sem programação o Sol falhasse? Como seria se o Sol não soubesse como dar luz? Ou se não soubesse muito bem como nos dar a energia que permite a vida? Que nos dá a direção!

E mesmo assim, para muitos, dia de sol é sinônimo de eclipse. Então, o tempo vai passando e as desculpas vão se aprimorando, mudando a cara e se travestindo, tentando desesperadamente não parecerem esfarrapadas. Algumas até conseguem por um pouco de tempo, mas nunca deixarão de ser desculpas.

Àqueles que sempre que pensam em si mesmos se divertindo e se imaginam com drogas. Àqueles que usaram um dia (só de vez em quando) e que no dia seguinte já estavam programando a próxima vez (mesmo que distante). Àqueles que reduziram seu leque de âmbitos sociais e todo final de semana querem usar só um pouco, só de leve. Àqueles que escolhem um dia no ano para fazer uso de drogas, mas que esse dia tem se repetido há vários anos e que agora passou a ser dois.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Intervenção

Por motivo de pedido sincero (e inesperado) retirei do ar os últimos três textos. Eles contavam o início, o meio e o fim de uma bela história.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Poesia

É dizer tudo utilizando apenas a metade. É o exercício do poder de síntese, de concisão. É objetivar o subjetivo, mas sem que se perca sua essência, sem que se sinta a ausência. Não, nada de ausência, pelo contrário, é enaltecer, é honrar um sentir dando ao sentimento a oportunidade de ser imortalizado. É dar-lhe uma morada entre as letras. É o alívio do poeta.
O poeta se alivia ao enxergar seu sentimento, ao vivenciá-lo fora de si. Assim, traduz seu choro e sua angústia em alegria. E ao utilizar do poder divino de criar, experimenta real felicidade, experimenta um conforto em seu peito e um prazer em sua mente.
Há ainda aqueles que conseguem transformar em versos sua alegria e espalhá-la pelos dias a quem se propor a experimentar.
A poesia é uma experiência de infinitos momentos que começa em um sentimento, busca auxílio da mente, escorrega pelo papel ou transpira pelo suor e chega, finalmente, às mentes de cada leitor. Ali seguirá o rumo que lhe convier pelas ruas da história que cada ser construiu.